17/06/2003

Os abutres no Norte de África

Que dizer do silêncio da esquerda sobre o que se está a passar em África? Será que tem receio que lhe enfiem o supositório Iraque?

Não estava a esquerda preocupada com as vítimas inocentes que os Americanos estavam a provocar no Iraque? Os MILHÕES de vítimas africanas (mortas ou, se ainda vivas, mortas de fome) não são inocentes?

Onde anda o Schroeder? E o Zapatero? E o artista do Fahrenheit 9/11, estará já a filmar nas areias do deserto?

Onde anda a gorda esquerda de figura consonante com as lentas digestões de Michael Moore, e que aplaudia o revés americano na Somália? Também atacada de azias?

Porque não vai o mais alto irmão Dalton para a porta da embaixada dos Estados Unidos reclamar que "eles façam alguma coisa", como aconteceu no caso de Timor. Se calhar porque Timor lhe rendia votos ... não necessariamente por estar preocupado naquela altura com os timorenses, como agora com os africanos.

E onde anda o Dalton mais velho, que, recorrendo à sua perspectiva de historiador, nos poderia ajudar a digerir (enquadrar) com mais suavidade a putrefacção dos famintos africanos?

Entre a visão da águia americana e a do abutre europeu, o diabo escolheria a do abutre. A águia ainda corre o risco de sair ferida, nas refregas em que se meta. Quem vai à guerra dá e leva. A Europa não dá nem leva, só come.

Que rebente de gorda.

04/04/2003

O tijolo e o negro líquido

Os pacíficos governos europeus que sempre acusaram os americanos de guerrear por causa do petróleo, aparecem agora em público a reivindicar o seu quinhão de construção civil do Iraque, esquecendo-se (ou fazendo-o crer) que se trata de construção civil por petróleo. O exacto petróleo que os mesmos pacifistas renegavam há 15 dias não querendo nele sujar as mãos.

A moral?

Vamos dar de barato que os americanos guerreiam para aceder ao vil líquido e que a reconstrução do Iraque é mais uma faceta desse abjecto negócio. Os americanos farão isso MAS sofrem baixas. Os europeus constróem por petróleo mas tudo fazem para parecer não terem a iniciativa de "aceder" a esse "bem", e à sombra das baixas americanas.

Algumas almas reclamam que o pacifismo tem florescido na Europa graças à segurança que os americanos lhe têm proporcionado. E parece que assim vai continuar.

Claro que as Nações Unidas estão no circuito para "moralizar" a operação de reconstrução. Também os traficantes de droga procuram os bancos para lavagem de dinheiro. Se a mesma guerra tivesse sido aprovada pela ONU teria, portanto, o beneplácito da Branca (como o "pó") de Neve.

Esperam-se, portanto, violentas manifestações na Europa, contra os pacifistas governos europeus que cederam à sede imperialista pelo vil petróleo (também os europeus têm sede).

Já se sabe que os americanos atacam também para agradar ao lobi interno dos construtores de armas e que muito longe disso estarão os europeus, claro. Se calhar só estão longe disso quantitativamente, e por imbecilidade política. Se calhar porque não dedicam ao assunto recursos suficientes para competirem quantitativamente e tecnologicamente. Mas nos poucos casos em que o conseguem lá estão, também eles, a vender aviões, tanques ou componentes para armamento. Não é por acaso que uma boa parte das metralhadoras americanas são de fabrico alemão (talvez sejam alemães de Marte e só eu é que não me apercebi disso).

Enfim, dizia o patético e absoluto pacifista Carvalhas "guerra não porque prejudica os mármores". Pois agora, que já foi feita, aproveitemos e vendamos mármores. Não consta que ele proponha que sejam pacifico-filantropicamente oferecidos.

Aguardemos as previstas (por mim) manifestações.